14 de out. de 2014

Voar...

  Gunter possuía uma incrível habilidade, ele podia voar, era livre como um pássaro no céu. Viajou alguns anos pelo mundo, procurando em vão outros como ele. Amava toda a liberdade que seu poder lhe concedia, sentia-se um só com o céu, como se fizesse parte do ar. Voava entre as nuvens, dava rasantes sobre a água dos oceanos, passava rende aos penhascos das montanhas, era feliz. A única coisa que temia eram os militares, sabia que se o pegassem iriam trancá-lo em um laboratório e ele só sairia de lá morto, após de centenas de exames e testes dolorosos. Toda vez que pensava nessas coisas, ficava triste e desanimado, mas logo ascendia aos céus e essas ideias se esvaiam com o vendo a sua volta.
  Poucos meses após desistir de sua busca por algum semelhante, Gunter decide passar algum tempo viajando pelo chão, queria variar um pouco. Foi a pior decisão que já tomara na vida. Estava sendo seguido há anos pelos militares, só não havia sido capturado ainda, pois voava bem alto e rápido, era difícil de acompanhá-lo.
  Dois dias depois do inicio de sua viajem pelo solo, Gunter foi pego e enjaulado como um animal. Um desespero tremendo tomou conta de si, sabia exatamente o que fariam com ele, mas não podia fazer nada para impedir, apenas aceitar aquele doloroso fim.
  Três meses haviam se passado, Gunter estava preso em um laboratório militar secreto. Os testes eram cada vez mais torturantes para ele, há muito tempo não podia voar direito como gostava, seu rosto sempre expressava tristeza e desânimo. Havia tentado escapar algumas vezes, mas era facilmente detido, não era forte o suficiente para isso, apenas podia voar, não possuía nenhuma outra habilidade que o auxiliasse na fuga.
  O quarto mês de confinamento se iniciava, ele não aguentava mais aquela tortura. Aproveitando-se de uma pequena distração dos cientistas, consegue pegar um bisturi, eles logo notam e tentam tomá-lo dele, mas é em vão.
- É meu sangue que vocês querem?! - Gritou Gunter com raiva e desespero na voz.
  Antes que qualquer um pudesse aproximar-se dele, o homem com lágrimas nos olhos, corta seu próprio pescoço e sangra até morrer.

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