16 de set. de 2014

O Nômade...



  Ha alguns anos ele caminha solitário pelo mundo, não ficava muito tempo parado no mesmo lugar. Decidiu viver como nômade, pois havia se cansado daquela vida de mentiras, que tinha em meio à sociedade. Sorrisos falsos, desejos de “bom dia” vazios, cumprimentos automáticos e sem significado, elogios apenas por costume, muitas coisas desejadas e ditas apenas da boca para fora, nada realmente de coração. Sentiu uma grande repulsa por isso tudo ao observar a sua volta, a frequência com que aquilo acontecia. Pessoas vazias, olhares falsos, um mundo de mentiras.
  Em suas andanças pelo mundo, estranhamente começou a sentir falta de alguma coisa, mas não conseguia definir o que. Até que descobriu que sentia falta daquele ambiente de falsidades, tudo aquilo que o fez abandonar sua vida normal começara a lhe dar saudade. Sem querer admitir isso, tentou continuar seu caminho nômade, mas cada vez ele sentia vontade de voltar, de estar novamente naquele mundo podre que tanto abominou. Confuso e nervoso decide voltar para a civilização. Após alguns meses de readaptação, voltou à rotina normal, cumprimentos vazios e sorrisos que não esboçavam realmente os sentimentos alheios. Seu corpo estava satisfeito com toda aquela encenação, mas sua mente voltara a se enojar do mundo e seus teatrinhos. Ele sabia que se isolando novamente, alguma hora teria que voltar, fazendo um enorme ciclo de idas e voltas aquele mundo teatral. Não queria isso, decidiu acabar de vez com aquela vontade ilógica, pensou por dias e planejou uma coisa.
  Após três semanas desaparecido, seu corpo foi encontrado em sua casa, a cabeça havia sido estourada com um tiro, sem vestígios de arrombamento apenas uma carta manchada de sangue que dizia: “Não quero mais esse mundo, tentei me afastar de toda essa falsidade, mas ela sempre me puxa de volta, tudo está podre, todos mentem, eu só quero paz, adeus!”

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