Ha alguns anos ele caminha
solitário pelo mundo, não ficava muito tempo parado no mesmo lugar. Decidiu
viver como nômade, pois havia se cansado daquela vida de mentiras, que tinha em
meio à sociedade. Sorrisos falsos, desejos de “bom dia” vazios, cumprimentos
automáticos e sem significado, elogios apenas por costume, muitas coisas
desejadas e ditas apenas da boca para fora, nada realmente de coração. Sentiu
uma grande repulsa por isso tudo ao observar a sua volta, a frequência com que
aquilo acontecia. Pessoas vazias, olhares falsos, um mundo de mentiras.
Em suas andanças pelo mundo,
estranhamente começou a sentir falta de alguma coisa, mas não conseguia definir
o que. Até que descobriu que sentia falta daquele ambiente de falsidades, tudo
aquilo que o fez abandonar sua vida normal começara a lhe dar saudade. Sem querer
admitir isso, tentou continuar seu caminho nômade, mas cada vez ele sentia
vontade de voltar, de estar novamente naquele mundo podre que tanto abominou.
Confuso e nervoso decide voltar para a civilização. Após alguns meses de
readaptação, voltou à rotina normal, cumprimentos vazios e sorrisos que não
esboçavam realmente os sentimentos alheios. Seu corpo estava satisfeito com
toda aquela encenação, mas sua mente voltara a se enojar do mundo e seus
teatrinhos. Ele sabia que se isolando novamente, alguma hora teria que voltar,
fazendo um enorme ciclo de idas e voltas aquele mundo teatral. Não queria isso,
decidiu acabar de vez com aquela vontade ilógica, pensou por dias e planejou
uma coisa.
Após três semanas desaparecido,
seu corpo foi encontrado em sua casa, a cabeça havia sido estourada com um
tiro, sem vestígios de arrombamento apenas uma carta manchada de sangue que
dizia: “Não quero mais esse mundo, tentei me afastar de toda essa falsidade,
mas ela sempre me puxa de volta, tudo está podre, todos mentem, eu só quero
paz, adeus!”
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