Lá
estava ela, como em todas as noites. Vestido colado, batom vermelho, e salto
alto. Lucia se sentia em casa naquele lugar, música alta, luzes fortes e
coloridas, bebida e homens, muitos homens, às vezes mulheres também. Ela se
sentia viva naquele lugar, bebia, dançava, agarrava homens e mulheres, beijava,
deixava que a acariciassem a vontade. Várias dessas noites ela saia
acompanhada, já era conhecida no lugar. Olhando rápido para ela, se enxergava
alguém feliz e completa, mas ao observá-la melhor, nos pequenos detalhes da sua face, reparava-se uma
pessoa triste e vazia, que fazia aquilo todas as noites, para tentar preencher
de alguma forma sua existência, buscando a felicidade da única maneira que ela
conhecia. Em uma ocasião rara, sai da boate sozinha. Cansada em um pouco
bêbada, ela anda devagar e desatenta. Quando é abordada por um assaltante, que
a ameaça com uma faca e pede a bolsa. Confusa e assustada, ela não consegue
reagir. O homem sem paciência puxa a bolsa com força, mas ela se prende na alça
do vestido. Com raiva, ele a esfaqueia na barriga. Uma lágrima desce em seu
rosto, ela sente a dor, esboça um pequeno sorriso, aproxima-se do homem, o
beija no rosto, sussurra baixinho “obrigado”, e cai no chão morta.
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